quarta-feira, 24 de maio de 2017

ACIDENTE DUPLO

Alto verão, manhã quente,periferia de São Paulo, e o Edimilson, peão migrante, do nordeste, caminha pela calçada , subindo a Av. Baronesa de Cocais , rumo ao seu barraco, logo acima...absorto em suas lembranças, quando um caminhão do depósito de materiais, numa manobra de ré, atropelou o Edimilson, que com o golpe recebido caiu desacordado ao chão duro do asfalto quente, transeuntes que por ali passavam socorreram o acidentado, mas desconfiaram que de nada valeria, pois aparentemente já estava morto.
Acionada a policia, foram feitos os procedimentos de praxe, e constatada a morte , os policiais acionaram a presença da Policia Cientifica e a remoção do corpo pelo Serviço Funerário.
Enquanto isso o povo foi rodeando o corpo do rapaz, alguém providenciou jornais para cobri-lo e amenizar a exposição do corpo. O transito no local ,ficou um caos, todos os carros paravam para verem o acontecido. A policia montou guarda para preservação da cena e do corpo do pobre Edimilson, que quando vivo nunca mereceu atenção devida, sem parentes ou amigos, agora era alvo do publico, pois curiosidade mata!
Passaram-se horas e a Policia Cientifica não chegava para documentar o acontecido, o corpo continuava ali, o sol do meio dia era escaldante, torrava as cabeças das pessoas e fumegava no asfalto.
Lá pelas tantas aparece uma velhinha que piedosamente acende uma vela para o defunto, o policial estressado que montava guarda fica meio preocupado, mas respeita. Nisso aparece um moleque estabanado que querendo ajudar, tropeça e derruba a vela acesa, nisto os jornais que cobriam o corpo,rapidamente pegam fogo, queimando o morto, que num sobressalto dá um pulo e levanta-se.
O povão ao ver a cena grita, o policial de prontidão saca da arma e dá um tiro na perna do Edimilson que cai sangrando...mais gritos do povo!
O rabecão da funerária que ali estacionado aguardava para levar o defunto para o necrotério, muda o destino levando as pressas o Edimilson para o hospital.
Assim terminou o dia do nosso herói. Que azar, mas que sorte!

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